Sétima Arte

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sábado, 6 de novembro de 2010

Filmografia Completa: Ingmar Bergman

por Debora Couto
Para fazer um filme é necessário organizar um universo inteiro”. (Ingmar Bergman)
Conhecido pelo caráter sombrio e peculiar de suas obras, que abordavam principalmente o existencialismo e a morte, Ingmar Bergman é um dos maiores nomes do cinema mundial. Responsável por verdadeiras obras primas, como O Sétimo Selo e Persona, o diretor impulsionou a carreira de grandes nomes da atualidade, como Woody Allen.
Nascido na Suécia, em 14 de julho de 1918, Bergman cresceu em um ambiente hostil, comandado pelo pai, um autoritário pastor luterano, que pregava em sua casa temas como pecado, morte e redenção. No entanto, o jovem conseguiu encontrar, nas salas de cinema, um refúgio para toda a repreensão que sofria.
Incentivado pela avó, que o levava para assistir aos filmes escondido de seu pai, desde muito cedo o garoto apaixonou-se pelas maravilhas que a sétima arte lhe proporcionava e, quando começou a produzir, passou a usar suas próprias experiências como temática em seus trabalhos.

Além de dirigir, escreveu praticamente todos os seus roteiros. Era um cineasta independente, mas que ainda assim valorizava muito o trabalho daqueles que o rodeavam. Utilizando-se muitas vezes da mesma equipe de produção e de elenco, (sempre de nacionalidade sueca) Bergman foi considerado um dos percussores do cinema de autor, chegando a trabalhar em mais de dez filmes com artistas como Bibi Andersson, Liv Ullmann, Ingrid Thulin e Erland Josephson.
Mas não era só a escolha de elenco que caracterizava seus longas. Ao abordar temas como o existencialismo, o tempo, as angústias do casamento e a própria morte, Bergman demonstrou possuir um estilo único, peculiar, que o tornou conhecido como um dos cineastas mais “sombrios” de todos os tempos.
Durante sua carreira, esteve à frente de mais de sessenta produções, incluindo longas, curtas e até mesmo trabalhos exclusivos para a TV. Sua estréia no cinema foi com a direção do filme Crise (1946). Nesse período, o diretor foi influenciado pelo neo-realismo italiano, produzindo diversas obras ligadas a esse movimento, entre elas: Chove em Nosso Amor (1946), Um Barco para a Índia (1947), Música na Noite (1948), Porto (1948), Prisão (1949) e Juventude (1951).
Na década de 50, o cineasta se voltou para temáticas mais peculiares, como o matrimônio, assunto de seus três filmes seguintes: Quando as Mulheres Esperam (1952), Uma Lição de Amor (1954) e Sorrisos de uma Noite de Amor (1955), indicado à Palma de Ouro no Festival de Cannes.
Dois anos depois, comandou um de seus maiores sucessos no cinema, O Sétimo Selo (1957), em que personificou a morte como uma habilidosa jogadora de xadrez. Com uma fotografia belíssima, obra do grande Gunnar Fischer (que colaborou com Bergman em muitas de suas produções), o filme foi nomeado à Palma de Ouro e venceu o Prêmio Especial do Júri no Festival de Veneza.
Ainda no mesmo ano, o cineasta lançou o longa Morangos Silvestres (1957) (que também contou com a fotografia de Fischer), em que novamente abordou a temática da morte. A produção foi indicada ao Oscar de melhor roteiro e recebeu o Globo de Ouro de filme estrangeiro.



Nos anos seguintes, Bergman comandou a direção de O Rosto (1958), No Limiar da Vida (1958), que lhe rendeu o prêmio de melhor diretor no Festival de Cannes, além da indicação à Palma de Ouro, e A Fonte da Donzela (1960).
Durante a década de 60, o diretor realizou a chamada “trilogia do silêncio de Deus”, composta por Através de um Espelho (1961), Luz de Inverno (1962) e O Silêncio (1963). Os três filmes abordam aspectos existencialistas, em que seus personagens são confrontados pela vida, de diferentes maneiras.
Entre os finais das décadas de 60 e 70, Bergman inicia um novo período em sua carreira, dessa vez, marcado pela presença de mulheres como protagonistas. Nessa época, dirigiu importantes trabalhos, como Persona (1966), que iria se torna o marco dessa fase. Em 1969, dirigiu A Paixão de Ana, seguido por Gritos e Sussurros (1972), Cenas de um Casamento (1973), Face a Face (1976) e Sonata de Outono (1978). Neste mesmo período, o cineasta abordou também a guerra, em obras como Vergonha (1968) e O Ovo da Serpente (1977).
Sua carreira culminou com o lançamento de Fanny e Alexander (1982), que trazia muito das experiências experimentadas por ele durante sua infância, e marcou a despedida de Bergman das telas do cinema. O filme lhe rendeu o Prêmio Especial do Júri no Festival de Veneza, além da nomeação ao Oscar de melhor direção e roteiro, e a indicação ao Globo de Ouro pela direção.
Após esse trabalho, o cineasta passou a se dedicar principalmente ao teatro e a televisão, tendo escrito A Lanterna Mágica, sua autobiografia, publicada em 1987. Em 30 de julho de 2007, aos 89 anos, Bergman faleceu em sua residência, na Suécia.


O cineasta foi casado cinco vezes e teve nove filhos. Sete deles seguiram carreira no meio cinematográfico: Daniel Bergman, Jan Bergman e Eva Bergman são diretores; Anna Bergman, Mats Bergman e Lena Bergman são atores; e Linn Ullmann é escritora e crítica de cinema.
Considerado um dos pioneiros do cinema moderno, Bergman foi, com certeza, um dos maiores mestres da sétima arte, não apenas pela excepcional direção de seus filmes, mas por criar, em cada um deles, uma verdadeira fusão de sentimentos, considerados muitas vezes, como pura poesia.

Cinema é como um sonho, como uma música. Nenhuma arte perpassa a nossa consciência da forma como um filme faz; vai diretamente até nossos sentimentos, atingindo a profundidade dos quartos escuros de nossa alma.” (Ingmar Bergman)



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